Expansão urbana desenfreada. Multiplicação de lotes em função da UFV em Rio Paranaíba. Em vermelho, o que a área urbanizada cresceu entre 2009 e 2012.
A ex-pequenina cidade de Rio Paranaíba tem sofrido transformações significativas nos últimos três anos. Antes com a economia baseada na produção agrícola, passa a ser uma cidade universitária. Em um vídeo acessível na rede mundial de computadores, feito com um sobrevôo na cidade, nota-se uma extraordinária expansão da área urbana. São os sinais de um progresso que chega de uma forma avassaladora e muitíssimo preocupante. Tudo isso ocorre a partir da implantação de um campus da Universidade Federal no município. A rápida instalação dos cursos, a chegada de professores, funcionários e estudantes provocou uma revolução sem precedentes. Essa demanda por moradia, transporte, alimentação, dentre outras necessidades, vem gerando um crescimento totalmente desordenado.
De três anos para cá surgiram vários novos parcelamentos de terra, ultrapassando dois mil novos lotes. Essa oferta é suficiente para abrigar cada nova família em uma residência isolada nas próximas duas décadas, no mínimo. Isto enriqueceu alguns empreendedores, mas é parte de uma tragédia preparada para ocorrer em um futuro muito próximo. Ergue-se rapidamente prédios e residências unifamiliares em bairros novos, um sinal de riqueza. Ao mesmo tempo isto ocorre em um meio em que não há regras para controle do uso e ocupação do solo, ou seja, não há nenhum critério, nenhuma lei, nenhuma fiscalização das construções.
Os novos loteamentos estão sendo implantados sem uma preocupação com uma malha viária harmonizada. Eles estão sendo feitos sem que seja construído um adequado sistema de drenagem urbana. Neles inexistem áreas verdes ou áreas destinadas ao município. A pavimentação é precária, não há meios-fios ou arborização. Isto acarretará problemas sérios, pois as futuras administrações só terão áreas para construir creches, escolas, postos de saúde etc. se as adquirirem ao preço de mercado.Cada um constrói do seu jeito. Casas são erguidas sem afastamentos chegam a ocupar 100% do terreno. Teremos em breve casas mal iluminadas, mal ventiladas, com privacidade prejudicada, mais quentes pela falta de vegetação, com pisos impermeabilizados jogando as águas das chuvas imediatamente para as ruas, o que ocasionará enchentes.
Embora esteja em uma área desenvolvida do estado, é mais uma cidade sem planejamento urbano. A cidade cresce sem se desenvolver. A qualidade de vida vai piorar. Sem um setor de planejamento a prefeitura vai ficar à mercê dos construtores. Foram iniciados uns trabalhos para a elaboração do plano diretor, mas isso está parado. Aparentemente não interessa aos políticos locais, e nem parece interessar à própria UFV.
Ítalo, você acabou de reproduzir o quadro desolador da cidade, e como morador daqui, sinto informá-lo, que a coisa é ainda pior!
ResponderExcluirVeja bem como a falta de planejamento ou de politização do espaço público não é só uma questão de tomada de posição, mas avança pra muito além disso e faz parte de um imaginário e visão de mundo peculiar: para membros do executivo que já passaram por aqui, espaços públicos são locais pra "vagabundos", arborização urbana só serve pra "sujar" as ruas e avenidas, e para "abrir" mega loteamentos, basta "bolar" o arruamento, passar o trator e jogar o asfalto.
Muito se tem comemorado por aqui a chegada tardia do asfaltamento entre RP e a cidade de Serra do Salitre, prometida ha mais de 40 anos. Mas até agora não escutei nenhuma reclamação sobre a possibilidade desta rodovia cruzar o eixo que liga o centro da cidade ao campus universitário e que futuramente poderá ser a principal área de lazer da cidade, com arborização, quiosques, ciclovia, academias, eventos, performances etc...Inclusive estamos formando uma equipe para desenvolver uma proposta preliminar, com destino potencial para a gaveta de alguém.
Contra isso, não há UFV que dê jeito.
Aqui, como aí, o progresso é medido pelos kilometros de vias asfaltadas e pelo gabarito dos edifícios. E a cidade que se exploda!
Saudações, espero lhe fazer uma visita em breve!
Marcus